Tudo sobre cirurgia intrauterina: como é feita e quando é indicada?
A gravidez pode ser uma experiência repleta de surpresas e, quando o bebê precisa de tratamento antes mesmo de nascer, entra em cena a cirurgia intrauterina.
Esse moderno recurso da Medicina Fetal vem sendo utilizado, no Brasil e no mundo, para diagnosticar, minimizar e até corrigir determinados problemas congênitos.
Apesar de apresentar riscos, como toda intervenção cirúrgica, a boa notícia é que tem como operar o bebê na barriga da mãe, sim!
Quer saber como? Então, continue lendo este artigo. Aqui, você vai descobrir como é feita uma cirurgia intrauterina, quando ela pode ajudar e quais são os riscos para a mãe e para o bebê.
Afinal, o que é uma cirurgia intrauterina?
A cirurgia intrauterina, também conhecida por cirurgia fetal ou pré-natal, é uma intervenção que visa tratar problemas congênitos do bebê, enquanto ainda está no útero materno.
Essa é a área de atuação da Medicina Fetal que adota as mais avançadas tecnologias e técnicas cirúrgicas a fim de resguardar a saúde do bebê.
Para exemplificar, as intervenções da cirurgia fetal vão de simples procedimentos, tal como a amniocentese, até cirurgias mais complexas que corrigem problemas que colocam a vida em risco.
Descubra, a seguir, como é feita uma cirurgia intrauterina.
Como é realizada uma cirurgia intrauterina? 2 procedimentos
Uma cirurgia fetal deve ser realizada por uma equipe médica multidisciplinar, que conta com: obstetra, ultrassonografista e cirurgião pediátrico.
Hoje em dia, a cirurgia intrauterina vem sendo realizada por meio de duas abordagens: a céu aberto e endoscópica. Conheça cada uma delas:
1. Cirurgia fetal a céu aberto
É a abordagem convencional da cirurgia intrauterina, em que o útero da mãe é retirado da cavidade abdominal. Depois de abrir o útero, o cirurgião pode realizar a intervenção necessária no feto.
2. Cirurgia fetal endoscópica
É a modalidade de cirurgia intrauterina conhecida como fetoscopia, que oferece menos riscos para a mãe e para o bebê por ser um procedimento bem menos invasivo.
Para tratar o bebê, o cirurgião faz pequenos furos no abdômen da mãe, por onde insere a câmera e os instrumentos que serão utilizados durante o procedimento cirúrgico.
A cirurgia fetal endoscópica pode ser realizada de duas maneiras:
- com o bebê imerso no líquido amniótico (fetoscopia em meio líquido);
- com injeção de gás carbônico dentro do útero, como costuma ser feito nas videocirurgias convencionais (fetoscopia com gás).
A técnica indicada para cada caso é definida pelas condições de saúde da mãe e da idade gestacional, além do tipo e da extensão da lesão a ser tratada.
Quais os tipos de problemas tratados por cirurgia fetal?
Com os exames realizados no pré-natal, em especial a ultrassonografia morfológica do segundo trimestre, são identificadas as malformações fetais e síndromes genéticas que precisam de intervenção cirúrgica.
Conheça algumas das condições que podem ser corrigidas com o bebê no útero da mãe, de acordo com a abordagem cirúrgica mais utilizada para cada caso.
Casos tratados por cirurgia fetal a céu aberto
- obstrução da traqueia;
- tumores pulmonares;
- encefalocele (malformação craniana que compromete o cérebro do bebê);
- teratoma sacrococcígeo (tumor na porção final da coluna vertebral do bebê);
- mielomeningocele (espinha bífida aberta).
Neste vídeo do nosso canal no YouTube, veja como é feita a cirurgia intrauterina com foco na correção de mielomeningocele. Dê o play!
Saiba mais sobre mielomeningocele | Maternidade Santa Joana
Casos tratados por cirurgia fetal endoscópica
- síndrome da transfusão feto-fetal (quando, em gestação gemelar com placenta compartilhada, um dos bebês tem a circulação sanguínea prejudicada);
- hidrocefalia (acúmulo de líquido cefalorraquidiano no crânio);
- obstruções urinárias;
- hérnia diafragmática;
- malformações na coluna.
Quais são os eventuais riscos da cirurgia intrauterina?
Toda cirurgia, até as mais simples, pode ser arriscada. Portanto, isso não é diferente com a cirurgia intrauterina, que tem riscos tanto para a mãe quanto para o bebê.
Por este motivo, a equipe médica avalia cuidadosamente os prós e os contras da intervenção cirúrgica para cada caso.
Os riscos da cirurgia intrauterina para a mãe incluem reações adversas à anestesia, como queda de pressão, e complicações na incisão do útero, como hemorragia e infecção. Também há o risco de rompimento da bolsa amniótica, que pode levar a um parto prematuro. Aliás, a prematuridade extrema é o maior risco para o bebê.
Além disso, após uma cirurgia intrauterina, especialmente se realizada a céu aberto, a mãe não poderá ter parto normal, devido ao risco de ruptura do útero.
Os benefícios da cirurgia intrauterina compensam os riscos?
Os avanços tecnológicos e excelentes resultados do tratamento fetal precoce mostram que, em geral, os benefícios da cirurgia intrauterina tendem a compensar os riscos.
Por exemplo, bebês com mielomeningocele operados antes do nascimento têm até 50% menos chances de desenvolver hidrocefalia e Chiari tipo II, duas condições comuns dessa malformação.
Os efeitos do tratamento precoce no desenvolvimento motor desses bebês também são positivos. Eles têm o dobro de chances de conseguir andar sem a ajuda de muletas ou cadeira de rodas, quando comparados aos bebês operados apenas depois do nascimento.
Cirurgia intrauterina: mais detalhes que você precisa saber
A cirurgia intrauterina só é possível graças ao trabalho conjunto de várias áreas médicas e, também, às modernas tecnologias empregadas na Medicina Fetal.
Como um dos pioneiros em cirurgia fetal no Brasil, o Hospital e Maternidade Santa Joana tem como prioridade o atendimento completo da mãe e do bebê, do diagnóstico ao pós-operatório.
Nossa equipe médica, altamente especializada, trabalha em salas inteligentes, que são equipadas com tecnologia de ponta para oferecer o que há de melhor em cirurgia fetal.
Em nossas instalações, você também conta com suporte de UTI Neonatal, UTI Adulto e Unidade de Terapia Semi-intensiva. Tudo para garantir o cuidado da mãe e do bebê até chegar a hora de voltar para casa.
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