Segundo filho: disputa aberta pelo colo
A vinda do segundo filho também pode ser cercada de cuidados, ansiedade e insegurança. Não é por ser o segundo que tudo será necessariamente mais fácil, como explica Salete Arouca, psicóloga do Hospital e Maternidade Santa Joana. Normalmente, a vinda do segundo filho começa a ser definida algum tempo depois do nascimento do primeiro, quando os ânimos estão acalmados e as rotinas, refeitas. “Neste cenário, em geral, os pais já estão mais seguros, com situação financeira e emocional estabilizadas”, comenta a psicóloga.
No entanto, há os bebês não planejados que, por vezes, levam os pais, especialmente a mãe, a conflitos psicológicos. Por um lado, há o susto, a insegurança, a irritabilidade e até a rejeição pela gravidez naquele momento. Por outro, o desejo de dar vida a mais um ser humano. O apoio do cônjuge, da família e, quando for necessário, a ajuda psicológica, são fundamentais neste momento, para superar o conflito e adaptar-se à nova gestação.
Além de todas as providências para a chegada de mais um bebê, a segunda gravidez acarreta um novo problema – o ciúme do irmão mais velho. E a reação mais comum dos pais é tentar evitar esta situação. Erro básico, segundo Salete. “É na convivência entre irmãos que a criança experimenta relações de competição, solidariedade, rivalidade e negociação, que são fundamentais na aprendizagem e que, mais tarde, ela utilizará com pessoas da mesma geração”, explica a psicóloga.
Por isso, entender o ciúme – em vez de tentar evitá-lo – é a atitude mais adequada para contornar a nova situação. Quando a criança mais velha já tem capacidade e discernimento para participar das atividades de cuidado com o bebê, o ideal é envolvê-la, até como forma de aumentar o vínculo entre os irmãos. “A relação estabelecida entre irmãos é única e especial, assumindo grande importância no desenvolvimento psicológico de ambos”, conclui Salete.
Resp. Técnico: Dr. Eduardo Rahme Amaro. CRM: 31624