Coração em palavras: Relato de uma madrinha do coração
Tenho muitas histórias lindas de afilhadas do coração! Primeiro, me apresento por chamada de vídeo com a gestante para conhecê-la da melhor forma e me apresentar como sua Madrinha do Coração, acolhendo-a desde o primeiro dia.
Quando recebemos as afilhadas na visita para conhecer a estrutura da nossa UTI Cardiológica, percebemos no olhar desta família uma busca de esperança, um pedido de ajuda. Eles chegam na visita sem saber ao certo como vai ser e trazem no coração tudo o que ouviram desde o primeiro exame.
Durante a reunião, presenciamos muitas emoções quando as enfermeiras explicam a rotina do bebê que nasce com Cardiopatia Congênita.
Lembro de uma paciente de primeira gestação, que estava com 34 semanas, e seu marido para uma reunião com a UTI Neonatal Cardiológica. Esse casal chegou bastante preocupado com o diagnóstico de Cardipatia Congênita, ventrículo direito com dupla via de saída, já ciente de que o bebê passaria por cirurgia nos primeiros dias de vida.
Esse bebê nasceu em janeiro e foi internado na UTI Neonatal, os acompanhei desde a chegada na maternidade. No dia seguinte , o marido da paciente pediu minha ajuda, dizendo que sua esposa só queria ficar comigo.
Quando cheguei ao quarto, me deparei com uma mãe, triste e chorosa, que não queria se alimentar e chegou a dizer que não tinha forças para ver seu bebê na UTI Neonatal e encarar toda a realidade que iria passar.
Fiquei com essa afilhada, fiz ela se alimentar aos poucos e chamei a técnica de enfermagem para ajudá-la no banho. Depois, escolhi um pijama bem bonito, arrumei o cabelo dela e desci com ela para ver o filho na UTI Neonatal, dizendo que ele queria vê-la bem e que ela iria conseguir.
Tivemos uma conversa de madrinha e afilhada no quarto. Naquele momento, realmente senti que temos uma ligação muito forte com nossas afilhadas do coração.
Acompanhei esse casal em todos os dias de internação do bebê no Santa Joana. O mais lindo de ver é o rostinho deles a cada dia que passam acompanhando a evolução do filho.
Ficamos tristes quando eles estão tristes e nos apegamos muito. Como profissional do Projeto Madrinha, enquanto mães que somos e o prazer de cuidar das pessoas.
O bebê recebeu a alta hospitalar e essa família ficou no nosso coração de madrinha!