Hoje nascem mais bebês prematuros?
O número de bebês prematuros tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. Uma das explicações para esse aumento é o aprimoramento de técnicas de reprodução assistida.
“Se considerarmos nossa visão no Santa Joana, nos últimos sete ou oito anos, é possível notar que quase 12% dos nascimentos foi de bebês prematuros. Esse número também tem aumentado fora do Brasil. Um grande motivo é o aumento das gestações múltiplas. Outro fator é a decisão dos médicos em antecipar o parto de gestantes hipertensas. Muitas vezes, levar a gravidez até o final, nesses casos, pode ser muito arriscado. O parto prematuro está sempre associado a alguma dessas complicações”, explica Dra. Filomena Bernardes de Melo, neonatologista do Hospital e Maternidade Santa Joana.
Segundo a neonatologista, o desenvolvimento da medicina é um importante fator para esse aumento. “Quando o motivo da intervenção é o próprio bebê, se você acredita que ele tem uma chance dentro de uma UTI, você vai tirá-lo do útero. Esse também é um fator que anda pesando”, acrescenta.
Nos últimos anos, o tratamento dos bebês prematuros têm se desenvolvido muito. “Há uns 10 anos, um bebê com menos de 750 g tinha uma sobrevida de 15 a 20%; hoje, nós já temos 40% de chance de ele sobreviver. Para os bebês acima de 1 kg, a chance de sobrevida é de quase 100%”, informa Dra. Filomena.
Segundo a especialista, a fisiologia do prematuro tem sido muito estudada, e esses conhecimentos são empregados diretamente na UTI Neonatal. “A incubadora é um ambiente modificado. Para se ter uma comparação, ela parece o vidro de um carro quando chove, pois há o controle da umidade e da temperatura ideais para o bebê não perder líquido. O tipo de aparelho que ajuda o bebê respirar, antigamente, era acionado automaticamente; hoje, é deflagrado pelo próprio bebê. A vantagem disso é que você não lesa muito o pulmão. Tudo é muito detalhado”, elenca.
Outros cuidados importantes são adotados na UTI Neonatal do Santa Joana. A manipulação mínima (evitar mexer muito no bebê para evitar o rompimento dos vasos sanguíneos) e o Horário do Psiu (em que as luzes da UTI Neonatal são diminuídas para que ele descanse melhor) são exemplos de algumas dessas melhorias. “Há vários pequenos detalhes que acrescentamos ao longo dos anos e ajudam o bebê a não só sobreviver mais, mas também a ter uma melhor qualidade de vida”, acrescenta a neonatologista.
Resp. Técnico: Dr. Eduardo Rahme Amaro. CRM: 31624