Útero didelfo: conheça a história da Roberta, que realizou o sonho de ser mãe mesmo tendo dois úteros
A gravidez com útero didelfo tem incidência em apenas 0,4% de mulheres. Por isso, Roberta imaginou que nunca poderia ser mãe, até que, aos 39 anos, seu sonho se realizou.
O que é o útero didelfo?
Algumas pessoas nascem com dois úteros como consequência de uma má-formação das estruturas embrionárias que normalmente se fundem para formar um útero único.
Durante o desenvolvimento fetal, os ductos müllerianos são responsáveis pela formação do útero, das trompas de Falópio e da parte superior da vagina. No caso do útero didelfo, esses ductos não se fundem completamente, resultando em dois úteros separados.
Essa condição pode ser acompanhada por outras anomalias no trato genital, como a presença de dois colos cervicais e, ocasionalmente, uma duplicação da vagina. Nem sempre apresenta sintomas, o que pode fazer com que muitas pessoas não saibam que possuem a condição.
Quando os sintomas se apresentam, costumam incluir irregularidades menstruais, dor pélvica e dificuldade para engravidar.
Quais são os riscos da condição?
Um dos principais riscos do útero didelfo é a infertilidade feminina, porém, ele pode afetar outras áreas da vida e corpo da mulher, como alterar a dinâmica do ciclo menstrual, causar dores durante relações sexuais com penetração e favorecer o aparecimento de quadros emocionais, como depressão e ansiedade.
A raridade do caso de Roberta
Contrariando as estatísticas, Roberta Casagrande, do Paraná, engravidou naturalmente aos 39 anos. Além da questão de sua idade, seu filho cresceu, ainda, em seu útero menor, que mede metade do tamanho de um útero comum.
Como as chances não pareciam favoráveis, ela adiou a maternidade e acabou por pensar melhor na ideia ao lado do marido apenas aos 39. Procuraram um especialista para realizar uma Fertilização In Vitro, mas foram orientados a tentar naturalmente por mais um mês. Foi quando a gravidez realmente aconteceu.
Útero didelfo e fertilidade
O Tiago Arrym, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, em entrevista ao portal Crescer, explicou porque a condição faz com que mulheres tenham maior dificuldade para engravidar:
“A mulher pode ter uma cavidade endometrial menor, o tamanho do útero pode ser menor e a vascularização do útero pode não ser adequada, por isso, ela pode ter uma dificuldade de implantação do embrião, gerando, por exemplo, uma maior taxa de abortamento.”
Além de haver também maiores riscos de parto prematuro. “Como o bebê se abriga em um espaço menor, ele vai crescer num lugar mais apertado, então ele vai gerar uma reatividade maior do útero, podendo provocar o parto prematuro. Isso também pode acontecer devido aocolo do útero curto, que gera maior risco de prematuridade. Os médicos precisam vigiar a paciente com ultrassonografia transvaginal desde 16 semanas e manter esse monitoramento a cada duas semanas até as 24 semanas, porque se eu tiver um colo do útero menor do que 25 milímetros, nós precisamos, no geral, fazer a cerclagem uterina”